quarta-feira, 3 de abril de 2013

Uma metáfora para a rotina


Era uma vez uma árvore e uma moça que amava aquela árvore.

Tinham se conhecido já fazia algum tempo. 

A moça era a encarregada de limpar o pátio mais importante do castelo,

até que um dia, anos atrás, se deparou com um brotinho crescendo 

entre as lajotas de cristal. 


Não teve coragem de tirá-lo dali. 

O tempo correu, o broto virou uma árvore bonita e passou 

a fazer parte da vida da moça.

Era para lá que ela ia quando ficava triste ou muito feliz. 

Gostava de ver o movimento dos galhos, o colorido das flores 

e de ouvir os passarinhos. 


A árvore também gostava da menina, mas do vento ela gostava mais. 

Toda vez que a brisa passava, ela se arqueava inteira para que 

o vento batesse mais forte. O problema é que, quanto mais a árvore 

balançava, mais folhas caiam no chão. 


A menina amava tanto aquela árvore que no começo 

pensou que ficaria tudo bem. 

Todos os dias, ela acordava bem cedo e  

juntava as folhas, uma a uma, pacientemente. 

Ia dormir com o brilho das lajotas e, ao acordar, 

encontrava as folhas caídas de novo.


Com o passar dos meses, ela foi ficando cansada. 

Não tinha mais tempo para aproveitar a árvore

porque vivia para recolher as folhas. 

Até que um dia, exausta e com toda a dor do mundo, 

pegou um machado e podou até não sobrar nada. 


Hoje, ela já não se incomoda com as folhas, 

mas ainda sente uma saudade horrível do barulho dos passarinhos.


Os problemas foram embora levando tudo o que era mágico.


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