segunda-feira, 14 de março de 2016

Existe um certo prazer em errar de propósito



Dizem que somos racionais, mas eu não sei até quanto. Faço contas de cabeça, entendo causa e consequência, mas encontro com o meu outro lado o tempo todo. Demorei pra conseguir admitir, mas preciso de emoção como preciso de banho. Tem horas que a gente só quer se divertir. E sentir que tem um corpo, que dança, que ri. Falar de coisas fáceis, esquecer a volta, ver que o sono vai embora se você mexer. Às vezes dá vontade de aumentar a música até silenciar os pensamentos chatos que nos consomem dia a dia e projetar a felicidade na medida do instante.

Não é sempre, mas tem noites em que eu sinto uma vontade absurda de me sentir viva. Eu saio e comemoro até as escolhas mais estúpidas, porque me definem tanto quanto as boas. Por mais que eu me culpe, por mais que eu me engane, uma hora eu apareço inconsequente porque essa sou eu. Sou dessas que volta tarde, que muda de ideia, que demora pra escolher a cor do esmalte, mas topa um programa de índio só porque não tinha nada pra fazer. Sou dessas que aperta a mão dos outros com força, que pergunta o signo, que quer segurança mas não assina o plano anual da academia porque um ano é tempo demais.

Quero ser independente e corro de barata. Quero ser fitness, mas adoro vinho. Eu sou dessas que treina para ser mais controlada, mas toda vez que o amor chama eu digo "vamos".

Ninguém vai se lembrar das noites assistindo Netflix. As imagens que eu quero na cabeça não estão no telefone. O risco é um sentimento interessante e a vida passa muito rápido. Enquanto a maior parte do tempo é sobre acertar como ser humano, tem horas que eu me olho e me sinto só humana. E então eu sei que não sou exemplo e gosto um pouco mais de mim por causa disso.

Ontem eu achei um emprego. Hoje eu pedi demissão.

Ontem eu achei um emprego. Hoje eu pedi demissão. Vou explicar o motivo para que vocês se saiam melhor do que eu. Desemprego mata a aut...