E se todos os gatos são pardos,
na
noite, nós também somos todas iguais.
Rímel, saltos e
delineadores.
Todas mais bonitas do que 4 horas antes,
quando saímos
do trabalho ou da faculdade
com sapatos mais confortáveis e bocas
menos brilhantes.
Agora já não sobra quase nada do mundo real.
A
postura muda.
Os assuntos mudam.
Paira sobre essas noites um certo ar
de concurso de miss.
Sorrisos fáceis e pouco espontâneos, desfiles
em fila,
uma histeria que termina junto com o refrão que todas sabem cantar.
uma histeria que termina junto com o refrão que todas sabem cantar.
É claro que nos divertimos,
é claro que rimos com
nossas amigas,
mas permanece, entre um espaço e outro,
da pista para
o bar, do bar para a pista,
a sensação de estarmos sendo
julgadas.
Como se passássemos cada uma com um número na mão.
Um
show dos talentos menos importantes,
um festival das qualidades que se
medem
pelo número da calça e pelo bojo do sutiã.
Os homens avaliam
pelos cantos.
Mulheres analisam-se frente ao espelho.
E
se antes eu brigava pela faixa,
hoje eu já saio sabendo que não
vou ganhar.
Não é que eu tenha perdido a autoestima.
Eu
simplesmente não estou mais competindo.