Era uma casa de solteiro, e era como se tudo lá dentro não tivesse par.
Chinelos com dois pés esquerdos,
fronhas florais e lençois de listra,
quadros sem moldura e
uma monalisa fumando sempre o mesmo cigarro.
Era o que poderia se chamar de decoração única,
porque absolutamente nada se encontrava.
Vasos guardavam retrovisores quebrados,
os cachepôs floresciam cinzas e
os tupperwares sem tampa se amontoavam promiscuamente
dentro do armário de portas caídas.
No universo das coisas avulsas, a única que tinha par era eu.
Meu cansaço tinha o teu colo, minhas manhãs, a tua temperatura.
Minha vontade tinha o infinito caramelado dos teus olhos.
Junto contigo, eu era inteira sobre nós.
...Resolvi escrever só o começo. O fim é triste, pode acreditar.