sábado, 5 de setembro de 2015

Não posso me perder de mim


Depois de encontros entusiasmados, enfim chegamos à bifurcação. Bifurcação é aquele ponto em que o interesse de repente se dissipa e ocorre a sublimação de qualquer possível futuro. Em um tempo que não consigo definir exatamente, a história muda de rumo. Ontem você poderia contar um segredo. Hoje você calcula o oi.

Surge entre uma mensagem e outra uma parede gelada e densa. A conversa trava. A ansiedade acaba preenchida por emoticons tão felizes que à segunda vista parecem patéticos. A empolgação vira insegurança e a insegurança vira silêncio.

Haja autoestima para levar numa boa essa sensação de que alguém desligou na nossa cara. Por mais que a história se repita, essa parte sempre incomoda. O pensamento fica à procura de alguma explicação. Ontem encontrei.

Contraditoriamente, percebi que interesse vai embora quando eu chego. Quando rompo a barreira entre o educada e o autêntica e finalmente consigo ser parecida comigo. Quando ajo como eu agiria perto dos amigos que me conhecem melhor, eu perco o encanto que imaginaram pra mim. Talvez eu seja pouco princesa, talvez seja muito clara, talvez eu pareça precisar de colo porque às vezes eu preciso mesmo. Talvez eu não estivesse num bom dia. E tudo bem.

Eu não sou a foto do perfil. Eu não sou as roupas que eu visto. Eu não sou o que se pode supor antes de me conhecer. Tridimensionalmente, eu sou uma confusão. Eu sou as minhas escolhas. Eu sou a minha voz, sou as coisas que aconteceram comigo, tenho umas vontades só minhas e sonhos fora do plástico. Eu me orgulho e sofro por coisas que quase ninguém enxerga. E essa é a minha graça.

Não há o que lamentar. Não pretendo adaptar meu conteúdo a quem me escolheu pela forma. Continuarei assim, assustadora do meu jeito, porque preciso ser sincera comigo. Ainda que eu não encontre outra pessoa, o que eu não posso é me perder de mim.

Ontem eu achei um emprego. Hoje eu pedi demissão.

Ontem eu achei um emprego. Hoje eu pedi demissão. Vou explicar o motivo para que vocês se saiam melhor do que eu. Desemprego mata a aut...