Não é isso que todo mundo faz?
Repare no esplendor das festas de casamento,
nos discursos pomposos dos grandes empresários,
nas declarações solidárias dos voluntários de ONG´s.
Estamos sempre querendo vender alguma coisa:
a ideia de que somos mais ricos do que realmente somos,
mais bem sucedidos do que a média do setor,
mais conscientes do que o resto da humanidade.
A maior prova de que nos vendemos é que normalmente
esperamos algo em troca. Dinheiro, fama ou reconhecimento.
Vende-se por dinheiro aquele que escolhe a profissão pelo salário,
aquela que vê no marido o crédito que ele pode oferecer, quem “se
confunde” no troco e acaba embolsando 25 centavos. Vendem-se por
status os que financiam um carro em 43 meses, que pagam numa bolsa
o que não gastam no aluguel, que se humilham por cinco minutos na
televisão. Por reconhecimento, nos vendemos todos.
É dessa necessidade de admiração que surge a competição invisível
de cada um consigo mesmo.
Trabalhamos muito, dormimos pouco, rimos menos na esperança
do dia em que enfim seremos citados como exemplo.
E não há nada de ruim, nem de bom, nisso tudo.
É pelo mercado natural do ego que se inventam vacinas,
que se lança moda e se firmam acordos de paz.
É pelo mercado natural do ego que se usam drogas, que se
atiram bombas, que se mata um menino para roubar o Nike.
É da nossa humanidade comercializar virtudes.
A verdade é que somos mais simpáticos quando interessa,
mais educados quando convém,
e preferimos ignorar que o fazemos por medo de responder:
"O que é pior? Que estamos à venda,
ou que o preço é tão baixo?"