segunda-feira, 4 de maio de 2009

Amor não é o bastante

*** A autora do texto é a psicóloga Ana Paula Pamplona. Eu editei.



Novelas sempre terminam em casamento. O “sim” da mocinha, de véu e grinalda,traz a certeza de que eles serão felizes para sempre. Na vida real, no entanto, o casamento é o início de uma nova novela que ninguém sabe como vai acabar.

As regras que sustentavam o casal mudaram. O modelo de casamento dos nossos avós já não funciona mais. A mulher saiu de casa para trabalhar e hoje divide com o homem o cuidado dos filhos. O homem perdeu cargo de chefe e assumiu o posto de companheiro. O tamanho da família encolheu e hoje há quem escolha a opção de ser para sempre “dois”. Todas essas mudanças abalaram a estrutura familiar e é por isso que constantemente nos vemos confusos e inseguros frente ao casamento.

Mas ainda assim, nós queremos casar. Embora as estatísticas mostrem que o divórcio nunca esteve tão em alta, registra-se também um número significativo de pessoas dispostas a assumir um compromisso em nome do amor.

O problema é que o amor, por si só, não basta. Mesmo imensurável, incontrolável e tão poderoso, o amor, sozinho, não agüenta. Lealdade, sensibilidade, consideração, fidelidade, confiança, respeito e generosidade são também qualidades imprescindíveis para sustentar a união.

Escolher passar a vida com outra pessoa nos dá acesso a um tipo de relação muito diferente da que temos com aqueles que amamos e que também são próximos de nós. Quando elegemos alguém para viver junto, criamos expectativas. Queremos ter o amor, o apoio e
amparo incondicionais que nunca ninguém nos proporcionou. Esperamos que nosso parceiro se empenhe em atender nossos desejos, seja com uma declaração de amor, um beijo de boa noite
ou trocando a resistência do chuveiro. Assim, tudo que nosso cônjuge faz vem carregado de significados.Interpretamos cada atitude conforme nosso próprio conceito do que “devia ser”.

Nesse julgamento silencioso, muitas vezes, nos decepcionamos e erramos também. Falhas simples podem fazer com que casais deixem de agir de forma racional e passem a culpar-se mutuamente. Ao permitir que as hostilidades e os desentendimentos tomem conta do nosso dia-a-dia, deixamos de enxergar tudo de positivo que o outro faz.

Para fazer um casamento funcionar, é preciso desenvolver a capacidade de ver e ouvir com mais acuidade. Escutar atentamente, de forma não defensiva e levar em consideração o sentimento alheio são atitudes importantes para quebrar o ciclo vicioso de queixa-crítica- defensividade-desdém. Permite entender as necessidades do outro e traçar novas estratégias.

Além disso, precisamos desenvolver a comunicação. Pela internet, falamos virtualmente com todo o planeta e não conseguimos nos conectar com que dividimos o lençol. As palavras e a linguagem corporal são importantes no estabelecimento e manutenção da intimidade com o companheiro. É fundamental que o outro entenda plenamente o que queremos dizer antes que um simples “Não esqueça de trazer o pão quando vier!” seja entendido como um ataque e rebatido com um “Não me diga o que fazer. Não sou seu filho!”.

Numa discussão, normal entre casais, vale a pena tentar acalmar-se e identificar estados de descontrole emocional, tanto em si como no outro. É crucial que as pessoas reconheçam que não há vítimas em um casamento infeliz. Por mais sem esperança que um casamento pareça,
sempre temos várias opções. Cabe a cada um assumir a responsabilidade de fazer e ser feliz.

Nem mocinhos, nem vilões. Nessa novela, somos todos autores.

Um comentário:

  1. Todos deviam ler esse texto tantas vezes fosse preciso para entender uma relação a dois!! Aliás, aprender como levar uma relação a dois, afinal nem tudo é mar de rosas, mas tb não precisa ser um campo de batalha!!!
    Mt legal!!

    Beijoooo

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