quinta-feira, 2 de abril de 2009

Mochilas da Company

Houve uma época na minha vida em que tudo era uma mochila da

Company. Eu sonhava com aquela mochila. Me imaginava com

ela nas costas entrando no colégio. Eu a desejava tanto porque

todo mundo tinha. Ou melhor, todo mundo que era legal.


E por esse motivo é que não podia ser de outra marca. Não

tinha nada a ver com levar livros. Eu queria ser da moda,

e o COMPANY escrito na borda preta era pré-requisito.

Ninguém combinou, mas dava a impressão de que todos

partilhávamos dessa mesma idéia.


Assim, quem usasse COMPANY era supostamente "cool".

Quem não usasse, era totalmente "looser" . Sem ética nenhuma,

queria estar do melhor lado. Infernizei a minha mãe até que consegui.


Confesso que senti bem, mas durou pouco. Descobri que a

mochila não me deixava legal, mas igual. Mesmo assim,

depois vieram os tênis da Redley, as calças de neoprene

da Cantão, as blusinhas da Triton, os moletons do Hard Rock,

as cuequinhas Planet Hollywood. E as botas da Schutz, as

argolas de prata, as falsificações da Louis Vitton, a escova de

chocolate e todas as suas variações...


Comprei tudo, até que percebi que eu nunca ficava tão bonita

quanto eu queria ficar. Se eu comprasse a bolsa, ainda faltavam

o sapato, o cinto, a pulseira, o relógio. A felicidade da minha nova

aquisição era logo substituída por tudo que eu ainda precisava ter.

E cansei.


Não adianta eu querer parecer com alguém de revista. Elas ganham

para serem lindas, eu gasto um monte e não consigo.Claro que

continuo achando que as bolsas caras são melhores, mas não

vou pagar o preço de uma viagem por algo que serve para carregar

o celular, a carteira e as chaves. Só se tivesse dinheiro sobrando,

o que não é o caso.


Por razões econômicas e filosóficas, desisti de querer ser igual a

todo mundo. Daqui para frente, pretendo ficar cada vez mais

parecida comigo mesma. É original e sai muito mais barato.





3 comentários:

  1. Sarinhaaa, parabéns! Que texto legal para inaugurar seu blog. Sou sua fã e apesar de nossas vidas não serem um Twitter, eu te seguirei sempre, vc é especial e essa sua característica está presente nos seus textos. Visitarei sempre seu blog e quando puder farei comentários:
    O mais bacana do "Mochilas da Company" é a reflexão que vc faz no final. A partir do momento que todos se descobrirem e, o mais importante, se aceitarem e se gostarem como são, a insegurança vai acabar. Ninguém vai querer ser melhor do que o outro, porque vai confiar em si mesmo e achar o próprio jeito melhor do qualquer outro; a inveja então, nem me fale, ela desapareceria. Ninguém iria ficar imitando ninguém, nem querendo ter a bolsa, o sapato do outro - não só os bens materiais - a inteligência, a delicadeza ou enfim qualquer jeito do outro. E as pessoas seriam mais felizes, porque se amariam do jeito que são e não precisariam ficar nessa inacabável corrida por estar "bonita", por querer a bolsa, mas depois faltar o sapato e assim seria uma vida inteira - de repente - frustrada, sem descobrir a si próprio.
    Mas eu também já quis muito ter uma mochila da Company e tive! Hehehe.

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  2. Sarinha! Que legal o seu blog, estou aqui no trabalho ocioso e achei muito legal te ler. Vc escreve mto bem, e é sensível e consigo escutar a sua voz como se estivesse falando tudo isso, com a tua expressividade!
    Esse texto me lembrou uma das aulas de Psicologia, não me lembro o autor, mas me serve até hoje como uma das frases preferidas: "descubra quem tu és e seja de propósito", concordo contigo sobre as descobertas da originalidade!

    Manuela.

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  3. oi estou fazendo uma pesquisa sobre a company e queria saber se vc tem informações sobre ela
    a loja que ela tinha no rio de janeiro...
    enfim qualquer informação que vc tiver será importante pra mim!
    me ajude!
    muito obrigada
    um abraço patricia maria grossi
    patypresley@gmail.com
    twitter/patypresley

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