domingo, 19 de abril de 2009

Amores Express

A pizza vem congelada, a roupa lava sozinha, o Mc donald´s

entrega em casa, e o filme não precisa mais rebobinar.

Ninguém abre a Barsa para fazer um trabalho, cada um

tem seu celular. De uns tempos para cá, ficou tudo tão

cômodo que a gente até se esqueceu que nem sempre

foi assim.


A tecnologia nos deu um mundo novo: mais rápido, mais

fácil e, antes de mais nada, passageiro. O hotmail rasga

automaticamente as minhas cartas; as fotos somem sempre

que o computador estraga; todo mês, surgem milhares de

modelos de telefone. Estranho? Claro que não. Já estamos tão

acostumados que mal percebemos a insolidez e

instantaneidade das coisas.


E não é à toa. Nós vestimos assim, comemos assim, e o mais

triste: nossos relacionamentos também são assim.

A minha geração inventou o ficar e admite tranquilamente

o sexo sem compromisso. Diferente da minha mãe, eu não

preciso namorar para beijar na boca, nem casar para deixar

de ser virgem
e se aos 17 eu me sentia em vantagem, hoje

eu começo a apreciar aquela época.


Para onde foram as promessas, os planos, as declarações? O que

aconteceu com a intimidade, o respeito e a confiança? Será que

ninguém mais acredita na felicidade calma das quartas-feiras chuvosas,

da alegria constante de se querer quem se tem?


A verdade é que eu cansei dessas competições infames do

“quem demora mais para mandar mensagem”, chega do teatro infantil do

“vou fingir que não vi”. O amor é um jogo esquisito, em que

se ganha quando dá empate. Não quero sair por cima,

muito menos sair por baixo. Quero sair ao lado, e de

mãozinha se for possível.



O consumismo nos induz a um estado de insatisfação permanente,

que aplaude o descartável e abomina tudo que for para sempre.

Talvez seja por isso que a idéia de amar assuste tanto. A concepção

de um sentimento duradouro e complicado contraria os valores vigentes

tornando-nos confusos e vulneráveis. É fácil conquistar

alguém por uma noite, é fácil ser atraído por um decote, difícil é querer

estar junto o tempo todo, difícil é morrer de ciúme...



Eu posso parecer atrasada ou até meio cafona. Simplesmente

não tenho outra opção. Enquanto a internet não disponibiliza

uma versão melhor, eu fico com esse meu coração de sempre,

que já não acredita em romances express, nem se contenta

com amostras grátis de amor.





4 comentários:

  1. E eu adorei esse texto, como se tivesse sido escrito ontém!!! Perfeito...

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  2. Cara Sara, adorei esse texto! Maravilhoso, não dá para acreditar que ele foi escrito há quatro anos. Muito bom amiga, que orgulho!
    Beijão!

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  3. Que legal, Sarah! Muito bom, vc escreve mto bem e descreve tão bonitinho, particular e sensível o que todo mundo sente ou sentiu um dia(todo mundo que é legal).

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  4. já perdi as vezes que li esse texto... sem dúvida é o meu preferido!!!

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