Me rendi à auto-ajuda.
Acho que foi culpa da meia-calça. Estava na fila do caixa
quando a moça da minha frente demorou para decidir se
queria ¾ ou 7/8. Enquanto ela resolvia esse intrigante conflito
eu me distraí olhando a estante. Tive uma noção real
do meu nível de vulnerabilidade quando resolvi gastar R$ 19,80
com o livro “O que toda mulher inteligente deve saber”.
Estranhei estar envolvido com plástico, mas entendi logo
nas primeiras páginas. Meninas inteligentes não compram
esse livro. É um preconceito atrás do outro.
O resumo era mais ou menos assim: se você quer
estabilidade, procure alguém com emprego estável,
família sólida, sem muitos sonhos ou ambições.
nas primeiras páginas. Meninas inteligentes não compram
esse livro. É um preconceito atrás do outro.
O resumo era mais ou menos assim: se você quer
estabilidade, procure alguém com emprego estável,
família sólida, sem muitos sonhos ou ambições.
Que não tenha vícios, que não tenha histórico de traição,
e, essa parte me deixou profundamente chocada,
que não torça pelos bandidos no seriado e jamais
pergunte o valor do couvert.
Nenhum desses critérios me pareceu
razoável. Nunca escolhi
meus amigos por nada disso. Definitivamente, me imaginar
casada no sofá da sala com um cara que eu jamais amaria
está longe de ser um ideal de sucesso.
Os conselhos são sempre os mesmos: não tente agradar,
não acredite no que dizem, não se envolva rápido demais,
não, não, não, não.
meus amigos por nada disso. Definitivamente, me imaginar
casada no sofá da sala com um cara que eu jamais amaria
está longe de ser um ideal de sucesso.
Os conselhos são sempre os mesmos: não tente agradar,
não acredite no que dizem, não se envolva rápido demais,
não, não, não, não.
Admito que sou muito ruim nisso tudo e,
lendo todas aquelas recomendações, parei para pensar se não
estamos apenas sendo mulheres e os caras sendo homens
como aprendemos a ser. Eles mentindo, a gente chorando,
eles fugindo, a gente esperando, eles pensando neles e
a gente pensando neles também.
Porque, ponto de vista masculino, mulheres são mesmo
muito assustadoras: elas podem querer cozinhar pra você,
ser legais com você e até chegar ao cúmulo de esperar que
você cumpra o que disse. E essa é a hora de fugir.
Nada mais ameaçador que uma mulher com expectativas.
Elas ficam furiosas quando descobrem mentiras.
Elas choram e infernizam por puro divertimento.
muito assustadoras: elas podem querer cozinhar pra você,
ser legais com você e até chegar ao cúmulo de esperar que
você cumpra o que disse. E essa é a hora de fugir.
Nada mais ameaçador que uma mulher com expectativas.
Elas ficam furiosas quando descobrem mentiras.
Elas choram e infernizam por puro divertimento.
Muito doidas essas mulheres.
Desequilibradas e carentes. Neuróticas, pegajosas, chatas.
Deviam ser presas todas essas que se preocupam com unhas
e lingeries antes de uma data especial, que fazem surpresas
no aniversário. Bronzeamento e beijo de boa noite estão na lista
dos crimes inafiançáveis.
Desequilibradas e carentes. Neuróticas, pegajosas, chatas.
Deviam ser presas todas essas que se preocupam com unhas
e lingeries antes de uma data especial, que fazem surpresas
no aniversário. Bronzeamento e beijo de boa noite estão na lista
dos crimes inafiançáveis.
Melhor não dar confiança. Logo logo, quando você menos espera
elas já descobriram a sua senha e vasculharam todo o seu
passado amoroso. Começam a implicar com os furos das camisetas
preferidas e, maliciosamente, darão outras novas de presente.
Insensíveis, jamais entenderão a relevância do Campeonato
Brasileiro e do sagrado futebol de quinta à noite.
Em pouco tempo, vão exigir sua presença nos casamentos
de todas aquelas primas sob a falsa alegação de que
não querem ir sozinhas, mesmo quando todo mundo sabe que
a família inteira vai.
E como são subversivas.
Logo ficam amigas das outras namoradas
da turma e passam a trabalhar pela conspiração,
procurando pistas e conferindo versões.
Perigosíssimas elas com aquele vocabulário ambíguo
e tantas perguntas tendenciosas.
E ainda querem ser compreendidas.
E ainda querem ser amadas.
E ainda se acham no direito de reclamar quando
o cara nunca mais aparece. E quando isso acontece ficam
tão desesperadas a ponto de comprar um livro sabidamente
horrível só pra procurar algum consolo, como se universo
masculino fosse um grande enigma a ser desvendado.
Dissimuladas demais para encarar toda a verdade,
preferem colocar a culpa numa inocente meia-calça.
O que posso dizer? Seus textos sao incriveis!
ResponderExcluirMuito obrigada, Giovana! Acho que o jeito é parar com o mimimi e começar a achar engraçado... porque se for parar pra pensar ninguém se salva : ))
ExcluirUm beijão,
Sarah
kkkkkkkkkk muito bom seu ponto de vista masculino, me diverti.
ResponderExcluirParabéns, é minha primeira visita ao seu blog (e tive a mesma ideia que você, comecei pelos 9 +) e já adorei o jeito que escreve :)
Oi Laísa! Que ótimo que você gostou. Eu sempre brinco que a vida inspira... é bem melhor a gente levar na brincadeira!
ExcluirUm beijão,
Sarah
Muito bom!!!!!!!
ResponderExcluirExcelente! Também já comprei esse livro, kkkkk
ResponderExcluirOi Sarah! Sou escritor também e um dos teus primeiros fãs (antes até do que o LF Veríssimo. rsrs). Você tem razão. Tenho vários casos engraçados como este, só que pelo nosso ponto de vista.
ResponderExcluirMais sucesso!
Adorei flor,muito bom ^^
ResponderExcluirPoxa Sarah! precisa vestir a pele dos homens e dar tanto tapa na cara de nós mulheres...bem desse jeito mesmo! que possamos deixar de mimimi e viver, ser feliz, não julgar ou subjulgar...pois a guerra do sexo, sempre existiu, existe e não deixará de existir
ResponderExcluir