Bateu na porta do banheiro e ofereceu um pijama.
Ela riu da ingenuidade.
Eram mais de cinco da manhã e, pelo valor da comanda,
era provável que ela já não fizesse muito sentido.
Estava consciente, entretanto, a ponto de perceber
que perderia boa parte do encanto assim que
trocasse seu adorável vestidinho preto
pelo tão pouco charmoso pijama bege,
apesar de todo o conforto.
Fazia menos de 15 minutos que tinham chegado na
casa dele, com risos bem largos e passos menos firmes.
Vieram empurrados por aquela onda invisível que
carrega os que se descobriram feitos um pro outro
depois da terceira dose de vodka.
Durante a festa, a ordem dos fatores foi violentamente ignorada.
Durante a festa, a ordem dos fatores foi violentamente ignorada.
A dança veio antes do nome, que veio depois do beijo,
que veio sem avisar. Nenhum dos dois reclamou.
Ficaram nessa até a última música, foram de mão para
a fila do caixa e pegaram o mesmo taxi.
Ela deveria ter saltado antes, mas ele a convidou para ficar.
“Só para dormir” foi a condição.
“Só para dormir” foi a condição.
A origem do aviso não era pudor.
Apenas sabia-se bem o suficiente para evitar angústias
já conhecidas. Dispensava a aflição de esperar pelo
telefone que não toca e sentir pesar, com o passar
dos dias, a certeza de ter sido precipitada,
porém compreensivelmente, taxada de vulgar.
Decidiu que estaria satisfeita com um boa noite
falado bem baixinho e aceitou a proposta.
Mesmo antes de saltar do taxi,
já presumia o que estava por vir.
Esperava que ele simulasse estar apaixonado,
esperava que ele tentasse sexo, esperava que ele insistisse.
Só não esperava o pijama.
Agradeceu a oferta, voltou pra cama e, pelo menos
naquela madrugada, cumpriu o que foi combinado.
Passaria as próximas 52 noites sem nenhum pijama com ele.
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