quarta-feira, 5 de maio de 2010

Palin e eu

Sarah Palin ganha 12 milhões de dólares por ano devido a suas aparições midiáticas.

A recente divulgação dos ganhos anuais de Sarah Paulin pode até inflamar as críticas dos democratas americanos, mas a mim parece perfeitamente coerente. Sarah é bonita, jovem e suas opiniões despertam comentários contraditórios. Desse modo, guarda em sua personalidade os atributos publicitários mais desejáveis: se diferencia da concorrência, gera expectativas e sua repercussão é indiscutível. Em outras palavras: ela vende.

Se eu fosse Sarah, a Palin, creio que faria o mesmo. Penso que talvez cobraria até mais caro para comparecer a seminários, eventos beneficentes e outras festas chatíssimas. Para decidir o preço, levaria em consideração o público que atraio e a felicidade proporciono. Imaginem quantas senhoras não sairiam de casa simplesmente para verificar, ao vivo, se sou realmente tão magra quanto na televisão, se o meu ruivo é verdadeiro, se a minha testa é botox e outros detalhes do gênero. A essas, eu daria o indescritível prazer de revelarem a suas amigas, em exclusivo, a notícia mais esperada do ano: Sim, eu já fiz plástica. Mais de uma.

Aos homens (que são mais bobos, mas tão mal intencionados quanto as mulheres) acho que transmito uma sensação de bem estar distinta. Um senhor com mais de 80 anos se aproxima de quantas moças atraentes por ano? Poucas, não? Numa seção de autógrafos, por exemplo, esse ancião terá não apenas a possibilidade de me ver de perto, poderá também apertar a minha mão e dizer que compartilha dos meus ideais. Como se não bastasse, irá me pedir uma foto, que eu não recusarei. Para sorrir, vou focalizar o valor do contra-cheque e procurarei esquecer os futuros usos que essa foto possa adquirir.

Isso se eu fosse Sarah Palin, mas eu sou a Sarah que sou. À Sarah que sou espanta não o que ganha a política americana, e sim que haja tanta gente disposta a pagar tanto por ela. A mim, ninguém paga nada. Sou apenas mais uma infeliz escrevendo gratuitamente sobre Sarah, a verdadeira.


PS: Essa crônica carece de elegância. Todos nós temos dias de mau humor.

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