segunda-feira, 1 de março de 2010

Calle Romero Robledo, 13


Moro numa rua que não sei onde termina. Quando saio, de manhã, tudo ainda é novo e pede a minha atenção. As calçadas úmidas, as grades na janela, uma placa de “Restaurador de muebles y antigüedades.” Cuido para não pisar na caca de perro sempre na calçada. Quando o sinal está verde para pedestres toca um alarme que parece um pio. Espero os passarinhos para atravessar a rua e imagino quem seja o Sr. Romero Robledo.

São só cinco minutos até o metrô. Minha estação fica ao lado “exército del aire”. Acho uma brutalidade combinar “exército” e “ar ” na mesma locução. Nada poderia soar mais poluído. Coletes camuflados e metralhadoras guardam a recepção deste edifício tão charmoso e iluminado que merecia mulheres de blush e salto alto.

Sei que estou no primeiro mundo quando os ônibus passam na hora certa e há lixeiras para recicláveis na frente de todas as portas. Sinto-me em 1960 quando uma amiga acende um cigarro durante o meu almoço e sei que ela não cogita que a fumaça possa incomodar. Ao meu redor, há pelo menos mais dez cigarros queimando em um restaurante pequeno com janelas e portas fechadas.

Passeando pelas papelarias, descobri que aqui é mais comum encontrar cadernos quadriculados. Pilhas e pilhas de cadernos quadriculados. Não consegui aceitar a ideia. Comprei folhas sem linha e tirei as palavras do cativeiro.

Um comentário:

  1. Nossa... Quanta satisfação em receber teu comentário no meu humilde cantinho. Agora aqui deixo registrado meus sinceros parabéns pelo teu talento. Quando li o "Quase", me emocionei muito. Me fiz tantas perguntas referentes ao caminho que desejo percorrer. E mudanças estão sendo preparadas ao longo deste ano. Muito obrigado pelo carinho e quando puder deixe teus comnentários por lá. Críticas e sugestões, serão também agradecidas. Um grande abraço com carinho.

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