quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Sequestro em bandeira 2


São Paulo é uma cidade perigosa, mas juro que

até agora só tive medo dos taxistas.

Não quero generalizar.

Conheci gente simpática, conversei amenidades

e fui entregue sã e salva diversas vezes.


Não todas.

Algumas experiências foram bem tensas.

A gente levanta a mão e nunca sabe quem vai parar.

É só fechar a porta que já me sinto refém.

Uma espécie de sequestro pós-pago com

um detalhe interessante: eu não sei para onde estou indo

e ele não sabe para onde está me levando.


Cada frase é um arrepio.

“Hum, essa não vira...”

“Era pra ter entrado naquela que passou.”

“Você prefere o caminho mais curto ou

o menos congestionado?”

Tudo bem que o meu rosto não ajuda muito,

meu sotaque não ajuda nada,

mas se ele ainda tinha alguma dúvida de que eu

não conheço o trajeto, a resposta me entrega:

"Prefiro o que chega mais rápido."


A única coisa que corre é o taxímetro.

É desesperador.

Ontem saí de casa com R$ 12 na carteira

e pedi para parar no Banco do Brasil.

Demos uma volta incrível e

chegamos na agência. Do Itaú.


Sábado foi pior. Logo que entrei no carro,

o moço admitiu que não conhecia o endereço.

Mostrei o mapa no celular e partimos.

Depois de 10 minutos rodando, o taxista decide ligar o GPS.

Fica evidente a falta de traquejo com as tecnologias

quando ele me pede para digitar. A tela mostra o percurso

e me dá a real dimensão do perigo.

Ele não olha para o GPS. Em vez disso,

encosta o aparelho no ouvido como se fosse um radinho.

A insistência com que burla as instruções

faz com que eu desconfie de surdez.

Chegamos a uma rua sem saída

e depois entramos na contra-mão.

“É melhor você ir andando.”

Obedeço antes que ele mude de ideia.

Negocio o resgate, a adrenalina baixa e finalmente estou livre.

A sensação de roubo é inevitável,

mas decido encarar com um treino.


Da próxima vez, quero ir no porta-malas.



2 comentários:

  1. Meuuu... isso sempre acontece comigo quando estou em SP, o jeito é ter um celular com GPS e ir acompanhando o trajeto com ele... É um absurdo! Teve uma vez que tive de pagar 40 reais pra ir, e pra voltar (do mesmo lugar) o cara me cobrou 94 reais.... afff

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    1. Acredito! Quando mais a gente se perde, mais caro sai a conta. Não faz o menor sentido...

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