quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Tinha um labirinto no seu nome.



Água molha, mormaço queima, pressa atrasa, amor dói.
Animais de estimação morrem em filmes de terror.
Algumas coisas na vida são óbvias.
A primeira vez que eu te encontrei foi num dia óbvio assim.
Era segunda de madrugada, eu tinha voltado do trabalho.
Era claro que eu não deveria ir.
Não é que a verdade estivesse na cara:
a verdade pulou na minha frente,
dançou no meu colo e eu me esforcei para ignorar.
Já era tarde e não éramos íntimos.
Fica. Minha cabeça alertou, num pensamentos claro e inconveniente.
Fica. Dorme, descansa, espera até amanhã.
Fica. A essa hora vai parecer desespero.
Fica.
Fica.
E eu fui.
Menti pra mim mesma que ia voltar bem rapidinho
com a mesma cara de pau com que me engano
que vou beber uma cerveja.
Lembrei do blush, esqueci do batom,
sai com umas pulseiras prateadas e uma calça jeans por passar.
Mandei mensagens no taxi, levei um chiclete na boca,
entrei segurando o telefone porque eu não sabia muito mesmo
o que fazer com as minhas mãos.
Naquele momento, eu era só expectativa.
Você era um nome completo
que eu pronunciava na minha cabeça toda vez que te via online.
Já tinha ouvido a tua voz, visto umas fotos tuas, mas agora era pouco.
Queria descobrir a consistência do teu braço e a velocidade do teu olho.
Quando eu te vi pela primeira vez, notei o rasgo na tua bermuda.
Você veio sorrindo de longe como se me gostasse também.
Depois, eu te vi de perto e achei teus cílios voltados
pra baixo como uma cortina rala ou uma planta carnívora.
Me encaixei no teu sofá e te beijei antes da hora.
Você me falou uns absurdos e eu ri.
Ri, ri, e só depois entendi porque minha cabeça dizia fica.
Amanhã faz um ano.
E eu nunca mais consegui ir embora.

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