sábado, 3 de novembro de 2012

Nada importante foi esquecido



Viajar de ônibus poupa sessões de terapia.

Na vinda para São Paulo, fiz análise com a

 poltrona ao lado. Tudo bem que não foi uma opção minha.

Na hora de comprar passagem, por falta de janelas vagas,

chutei o número 12 e torci para que meu companheiro

de estrada não roncasse muito.


Viagens longas forçam a intimidade.

Vocês dormirão mais próximos que muitos casais,

eventualmente encostarão os braços e

mesmo que o papo seja insuportável não haverá como fugir,

a menos que você finja estar dormindo.


Desta vez, não precisei usar a tática.

Vim ao lado de alguém legal. A conversa começou

com perguntas de formulário e os porquês foram

 se encadeando até chegarmos no motivo da viagem.


Disse que tinha umas entrevistas de emprego,

que minha vida precisava de mudança

e apresentei todas as minhas razões pra trocar

o certo pelo que eu acho que é certo.


Expliquei que tinha saído de um trabalho que eu gostava

porque queria aprender mais, conhecer mais gente,

desabilitar de vez o modo automático.


Disse que se tudo desse errado eu tinha pelo menos

o consolo de que eu acreditava, de que eu realmente

pensava que isso podia ser o melhor para mim,

de que preferi arriscar e tentar uma história só minha

a passar a vida realizando planos que nunca foram meus.


Talvez as coisas não saiam do jeito que eu quero,

mas eu não devo me arrepender da esperança que eu sinto

e da vontade que eu tenho.


Depois de falar tudo isso em voz alta,

juro que me senti mais leve. Estava saindo de Floripa para

morar em São Paulo e não havia loucura nenhuma nisso.

Extremamente aliviada, peguei a minha mala pequena

e saltei sozinha na rodoviária.

Nada importante foi esquecido.

Vim para São Paulo com uma mala de mão,

mas trouxe todos os meus sonhos comigo.





4 comentários:

  1. Engraçado, fiz exatamente este percurso com uma mala de mão (tudo que eu tinha) 10 anos atrás. São Paulo é a terra das oportunidades, com essa sua vontade logo você achará a sua. Felicidades e boa sorte.

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  2. Que legal, Sarita! Você não precisa de sorte nem que a gente diga que vai dar tudo certo, porque é óbvio que você vai realizar todos os seus sonhos antes de perder o sotaque catarinense! hehe

    Beijo grande!

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  3. Dez anos fazendo as mesmas coisas... Nada com um bom movimento no tabuleiro d avida...
    Foi bom ler essa experiência, além do texto do Paulo Tamburro sobre empregos "complexos"...
    Significa que, ao contrário do que muitos dizem, eu não estou tão maluca assim.
    Valeu a sessão de terapia virtual, Sarah!!

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    Respostas
    1. Acho que não estamos malucas, mas sou suspeita para dizer :) Escrevi este texto faz um mês a mudança no tabuleiro está sendo muito interessante até agora. Espero que a sua também! Um beijo grande!

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