sexta-feira, 12 de junho de 2015

Um tempo em que ninguém tem tempo.


Coloquei a minha vida num liquidificador. Essa é a minha impressão. Parece que pisquei é passou meio ano. Tenho batido meus dias de modo que já não sei mais quando começa um e o outro termina. Perdi um pouco do meu brilho nesse picadinho. Empenhei tanta energia no trabalho, dei tanto espaço, que agora me encolho no que sobrou.

Tenho me deixado pra depois como as fotos que eu preciso revelar, as barras das calças que eu dobro, a consulta no dentista, no oftalmologista, no ginecologista e em todos os outros istas que eu preciso, o inglês que me atormenta, os primos e tios que eu adoro, mas que eu veria imediatamente se e somente se estivessem no hospital.

Fiz da minha cabeça a primeira gaveta da cômoda, onde guardo tudo que eu não posso perder, mas não tenho tempo de organizar. Ando assim fragmentada, desatenta, com medo de me perguntar mais seriamente como estou me sentindo. Reparei que não percebo quando meus colegas saem de férias e quase não converso com quem realmente importa. 

Nessa sucessão de desencontros, parece que virei meus olhos para dentro. Tenho um milhão de dúvidas e só duas certezas: cheguei onde cheguei por escolha e tenho outras escolhas além daqui. A parte que eu não sei é se, no fundo, eu estou sendo impaciente.

Desde que surgiram as telas, os minutos passam mais acelerados. Substituímos qualquer espera por Facebook e Whatsapp. Eu não sei até que ponto isso é saudável, até que ponto é produtivo, mas como ando permanentemente entretida, resolvi deixar essas perguntas pra depois.

Vou vivendo na ilusão de que me sobra muito tempo. Mas é bem capaz que eu pisque e a gente esteja no Natal.



Um comentário:

Ontem eu achei um emprego. Hoje eu pedi demissão.

Ontem eu achei um emprego. Hoje eu pedi demissão. Vou explicar o motivo para que vocês se saiam melhor do que eu. Desemprego mata a aut...