terça-feira, 7 de abril de 2015

Fê mandou mensagem e eu comemorei.


Fê mandou mensagem e eu comemorei. Festejei alegremente o fim daquela angústia que já durava 14 dias. Finalmente, chegava a mensagem a qual esperei ansiosamente e que matou pouco a pouco minha autoestima todas as vezes em que olhei o telefone só para constatar a sua falta.

Fê mandou mensagem e eu comemorei, mas segui o protocolo e ele nem ficou sabendo. Respondi com certa indiferença, como se não tivesse notado a demora. Porque quem demonstra fica em desvantagem. Pelo menos comigo tem sido assim. Parece ser um erro gravíssimo supor qualquer intenção que se prolongue além das próximas horas. Por mais que a noite seja boa e a conversa flua, convém manter as esperanças em cativeiro a fim de liberá-las somente quando haja alguma garantia.

Hoje em dia, parece errado querer. As revistas exaltam o poder das mulheres, mas o que eu sinto é que estamos espremidas no meio de tanta cobrança. Tão infalível quanto a pressão do casamento, é pressão pra que sejamos independentes e exageradamente felizes o tempo todo.

As pessoas repetem o clichê de que é preciso ser feliz sozinho e eu continuo perplexa. Preciso de tanta gente. Felicidade pra mim é casa cheia, barulho, compartilhamento. Gasto mais tempo do que eu gostaria pensando no amor e até bem pouco tempo não entendia por quê. Percebi, depois de muito relutar que, apesar de toda modernidade e tantas mudanças, me agrada muito a ideia de ter uma família.

Resolvi então começar um movimento pela libertação feminina falando a verdade, a começar por mim. Preciso ser mais prática para descartar aquelas relações que já começam pro lado contrário, onde há muito pouco espaço para trocas. Eu não sei se vai dar pra entender, mas coloquei como meta ser menos tolerante nas situações onde eu não possa enxergar ou ser vista como uma pessoa inteira. Se gostar é proibido eu não quero, não porque eu tenho um coração mole, e eu tenho, mas porque não faz mais sentido essa sequência de vazios.

É muito provável que eu esteja tentando replicar o modelo que aprendi como certo. Talvez eu tenha visto os filmes errados ou prestado muita atenção nas letras das músicas, mas a verdade é que não vejo problema em comemorar as mensagens do Fê. Espero, inclusive, que ele também se alegre com as minhas.



4 comentários:

  1. Como sempre, muito bom. A temática é instigante para quem vive nesse mundo de tanta brevidade, até nos relacionamentos. Um texto límpido, como de costume. Parabéns.

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    1. Que bom que gostou :)
      Fico sempre feliz, mas dessa vez eu fico mais porque esse texto "nasceu" bem demoradamente. Não queria parecer machista, nem feminista, mas queria muito falar sobre essas pressões que incomodam e às vezes a gente não sabe direito por quê. Acho que o texto demorou porque eu demorei pra entender o que eu estava sentindo.
      Muito obrigada pela mensagem.
      Um beijão,
      Sarah

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  2. Olá, achei muito legal a forma como se expressa...
    Também escrevo, depois dá uma passadinha lá meutudo.blogspot.com

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  3. "Felicidade pra mim é casa cheia, barulho, compartilhamento."
    Correr atras, sentir saudade, ou dar o braco a torcer viraram erros capitais, viraram pecados por definicao. Nao me lembro quando o conceito de felicidade foi mudado para "Sou auto-suficiente".
    Sou como voce, continuo gostando das casas cheias.
    Parabens pelo texto.

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